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Capítulo 02: os 2.611 dias entre a denúncia e a prisão do pastor Saulo Inácio

  • Foto do escritor: Rafael Miranda
    Rafael Miranda
  • 9 de ago.
  • 5 min de leitura

Atualizado: há 1 dia

O pastor Saulo Inácio de Sousa foi condenado pelo crime de estupro de vulnerável contra Débora* e Estér*, com pena somada de 19 anos, 08 meses e 07 dias de reclusão. A decisão foi da 2ª Vara Criminal de Palmas e publicada no dia 27 de setembro de 2023.

 

Antes da condenação, durante a fase processual, Saulo Inácio negou todas as acusações contra ele a respeito de abusos sexuais. As testemunhas de defesa arroladas por seus advogados incluíram membros da congregação, na qual ele era pastor na época, a igreja O Brasil Para Cristo (OBPC).

 

A audiência em que Saulo seria interrogado presencialmente no processo havia sido marcada para o dia 29 de novembro de 2022, contudo, o réu não compareceu. A esposa de Saulo, Leda Maria, faleceu de câncer em 11 de maio de 2022, e no dia 03 de junho do mesmo ano ele foi embora para a Flórida, nos Estados Unidos – onde suas filhas e netas residem.

 

A Justiça acolheu o pedido e uma nova data para o interrogatório foi estabelecida: 04 de maio de 2023. Mas esta data teve que ser novamente adiada por conta da realização da "II Semana de Combate contra o Assédio Sexual, Moral e a Discriminação", evento realizado pelo Tribunal de Justiça do Tocantins - onde o magistrado responsável estaria presente e não poderia conduzir a audiência.

 

Dessa forma, uma outra data novamente foi fixada, realizada por fim no dia 22 de junho de 2023, onde Saulo Inácio, dos Estados Unidos, participou por meio telepresencial. Estavam presentes o Juiz de Direito responsável pelo processo, um Promotor de Justiça do Ministério Público e um advogado de defesa de Saulo Inácio.

 

O pastor, conforme fontes consultadas para esta reportagem, negou qualquer abuso contra as crianças em seu depoimento. Ele informou ainda que acolheu os famíliares das vítimas quando chegaram em Palmas em 2013, e que poderia ser invenção contra ele as denúncias apresentadas na escola onde as meninas estudavam.

 

A defesa do pastor Saulo pediu a anulação do processo, alegando que não existem provas materiais dos crimes imputados. Por fim, a Justiça decidiu no dia 27 de setembro de 2023 pela condenação pelo crime de estupro de vulnerável contra as vítimas Débora* e Ester*. Nesta mesma decisão, o juiz responsável pelo caso concedeu o direito a Saulo Inácio de recorrer em liberdade.

 

Pastor recorreu até o Superior Tribunal de Justiça (STJ)

 

Com o direito de recorrer em liberdade, Saulo Inácio apresentou um recurso contra a condenação em primeira instância junto ao Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO). No dia 06 de agosto de 2024, o pedido foi analisado e inadmitido. Sua defesa apresentou uma série de outros recursos no TJTO, porém, todos negados.

 

O pastor Saulo, por fim, recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), cuja decisão transitou em julgado no dia 31 de janeiro de 2025, negando o pedido feito por sua defesa. Esgotadas todas as tentativas, seu mandado de prisão foi expedido no dia 19 de fevereiro de 2025.


No documento, o juiz responsável pelo caso reiterou um agravante na condenação do pastor, através do artigo 61, II, g do Código Penal, "uma vez que o réu era pastor da vítima e sua família ao tempo dos fatos, exercendo sob elas ministério de liderança religiosa."

 

Retorno ao Brasil e prisão pela Polícia Federal

 

Conforme apurado pelo Jornal Primeira Página, Saulo Inácio estava nos Estados Unidos desde junho de 2022 e decidiu retornar ao Brasil no início de 2025. Não foi possível apurar se na data em que desembarcou no Brasil, seu mandado de prisão já havia sido expedido pela Justiça tocantinense.

 

Sua prisão ocorreu no mês de maio deste ano, em Palmas, durante a Operação Caminhos Seguros, realizada pela Polícia Civil e a Polícia Federal (PF), com o objetivo de cumprir mandados de prisão contra foragidos por crimes sexuais contra crianças e adolescentes.

 

Essa operação ocorreu em maio em todo o Brasil, em alusão aos 25 anos de mobilização do Dia Nacional Contra o Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes (18 de maio). Esse trabalho conjunto entre PC e PF resultou na localização e captura de sete indivíduos foragidos no Tocantins, entre eles, Saulo Inácio.

 

Saulo foi preso no final da manhã do dia 16 de maio de 2025, em uma sexta-feira, por agentes da Polícia Federal, enquanto trabalhava em um escritório de uma imobiliária na avenida Teotônio Segurado – região central de Palmas. Foi algemado e levado para a superintendência da PF e, em seguida, para a Unidade Penal de Palmas.

 

Ao ser abordado pelos agentes da Polícia Federal, foi solicitado que saísse do prédio em que estava, onde lhe foi apresentado o mandado de prisão. Conforme ofício assinado pelo Grupo de Capturas da PF no mesmo dia, foi necessário o uso de algemas no pastor Saulo, devido ao baixo efetivo da Polícia Federal no momento do cumprimento do mandado.

 

Ao todo, foram 2.611 dias somados entre a denúncia na Polícia Civil e a efetivação do cumprimento do mandado de prisão, após o pastor Saulo recorrer até o STJ em Brasília-DF. No dia seguinte à detenção, 17 de maio de 2025, Saulo foi ouvido em audiência de custódia, onde foi mantida a prisão pelo crime de estupro de vulnerável.

 

Saulo Inácio na Unidade Penal de Palmas (maio de 2025)
Saulo Inácio na Unidade Penal de Palmas (maio de 2025)

 

Defesa do pastor Saulo apresenta pedido de revisão criminal

 

Enquanto segue preso na Unidade Penal de Palmas, um pedido em caráter liminar de revisão criminal foi apresentado no Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO) em 09 de junho de 2025. Contudo, foi negado no dia 30 de julho.


A fase seguinte deste pedido, ainda em trâmite judicial, segue com um parecer do Ministério Público do Tocantins (MPTO), que em seguida, será novamente remetido à desembargadora relatora do caso. Até a publicação desta reportagem, em 18 de agosto de 2025, o caso segue em análise.

 

Nota do pastor Saulo Inácio

 

O Jornal Primeira Página solicitou uma nota dos advogados da defesa do pastor Saulo Inácio de Sousa quanto ao processo judicial que resultou em sua condenação a 19 anos e 08 meses de prisão. Em nota enviada no dia 31 de julho de 2025, os advogados que compõem a defesa do pastor informaram que a sua condenação está em fase de revisão criminal junto ao Tribunal de Justiça do Tocantins (TJTO).


“A Defesa de SAULO INÁCIO DE SOUSA, patrocinada por este Advogado Dr. JOSIRAN BEZERRA, informa que, referente à condenação do Sr. Saulo INÁCIO, capitulada no Art. 217-A, que perfaz 19 anos e 8 meses de reclusão, encontra-se em fase de REVISÃO CRIMINAL, tramitando junto ao TJTO, aguardando julgamento. E quanto a novos fatos envolvendo o Sr. Saulo Inácio, a defesa não se pronunciará, haja vista que não tem conhecimento dos mesmos!!!”

 

Próximo Capítulo: O Jornal Primeira Página apresenta os relatos inéditos de outras três vítimas de abuso sexual por parte de Saulo Inácio, ocorridos entre os anos de 2006 e 2015, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos. Tratam-se de casos que só recentemente foram denunciados na polícia, após a prisão do pastor.

 


 
 
 

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Denúncias de crimes sexuais contra crianças podem ser feitas na Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA - Palmas)

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